Ana servia ao Senhor dia e noite no Templo

No Evangelho de hoje contemplamos uma personagem que faz parte do mistério do Natal do Senhor, mas que passa quase imperceptível: a profetiza Ana. Em nenhum outro lugar do Evangelho é feito menção desta mulher, ela aparece de repente e desaparece imediatamente, sem deixar nenhum rastro, num curtíssimo espaço de tempo, sem que tenhamos muita informação a seu respeito.

O que o Evangelista Lucas nos relata, no entanto, já dá para termos uma ideia de que se trata de uma pessoa comum, ou seja, uma mulher que se casou, constituiu família e ficou viúva. Ana passou por todas as etapas de vida que muitas mulheres de seu tempo passaram e, não fosse o relato do Evangelho, sua vida e sua história seriam engolidas no anonimato, como a história de centenas de milhares de outras mulheres e viúvas de seu tempo.

Por estas características Ana está muito próxima da vida de cada um de nós; nós também, assim como Ana, temos uma existência comum, ordinária, quase anônima, no sentido de que nossas vidas se parecem idênticas à vida de milhares de pessoas que nos cercam.

No entanto, há um detalhe importante na vida de Ana que fez de sua existência algo especial e único: ela tomou a decisão de se consagrar ao serviço de Deus. Este serviço de Deus não se tratava de algo relevante e extraordinário aos olhos dos outros: ela servia a Deus de maneira simples, no silêncio da oração e do jejum, dia e noite, no tempo do Senhor.

Esta oferta humilde da vida de Ana agradou tanto a Deus que sua vida simples e anônima mereceu figurar na vida e no mistério da natividade do Verbo de Deus, sendo imortalizada no relato do Evangelho.

Nós também podemos imortalizar nossas vidas, não no sentido de nos tornarmos um personagem importante da história universal, mas imortalizar nossas vidas diante de Deus, fazendo de nossas vidas algo de importante para Ele. E como fazemos isto? Tomando a decisão de servir a Deus dia e noite, consagrando toda a nossa existência a Deus, fazendo dela um serviço ao Senhor.

Não é necessário fazer nada de extraordinário: basta viver extraordinariamente ordinário, procurando fazer tudo o que fizermos em nossas vidas para Deus e dando lugar em nossas vidas ao jejum e a oração, ou seja, ao sacrifício de nós mesmos em suas mais variadas formas e na prática religiosa na oração e participação no templo, ou seja, na Igreja.

A presença de Ana no mistério do Natal mostra que todas as vidas, por mais ordinárias que possam parecer, tornam-se únicas e importantes quando unidas ao mistério de Cristo e colocadas ao serviço de Deus.

Façamos portanto como Ana, sirvamos a Deus dia e noite, na Igreja, com orações e jejuns, no esforço contínuo da conversão e da busca de santidade, e assim nossa história pessoal se tornará única e extraordinária aos olhos de Deus.

6º dia da Oitava de Natal — Ano A

Leituras: 1Jo 2,12-17; Lc 2,36-40.

"VIVER É CRISTO"

Ir. Bonifácio OSB