"A ação do Espírito Santo na alma”
Doce hospede da alma
É pelas águas do batismo que recebemos da Igreja esta filiação Divina e Deus faz morada em nós nesta Inabitação:
O Batismo «dá-nos a graça do novo nascimento em Deus Pai, por meio do Filho no Espírito Santo. Porque aqueles que têm o Espírito de Deus são conduzidos ao Verbo, isto é, ao Filho: mas o Filho apresenta-os ao Pai, e o Pai dá-lhes a incorruptibilidade. Portanto, sem o Espírito não é possível ver o Filho de Deus, e sem o Filho ninguém tem acesso ao Pai, porque o conhecimento do Pai é o Filho, e o conhecimento do Filho de Deus faz-se pelo Espírito Santo» (Santo Irineu de Lião, Demonstratio praedicationis apostolicae)
Jesus, prepara os apóstolos principalmente no tempo final da sua vida publica para a vinda do Paraclito (O Advogado, Consolador ou Defensor) de uma forma catequética, vai anunciando a terceira pessoa da Santíssima Trindade e revelando tão grande mistério, mas não sem deixar aos seus discípulos algumas advertências quanto a "guardar os mandamentos" e "guardar as minhas palavras", o Espírito recordaria tudo isso, mas jamais o Espirito Santo poderia contradizer os ensinamentos e as leis, mas o pleno cumprimento.
"Se me amais, guardareis os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco. É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós. Aquele que não me ama não guarda as minhas palavras. A palavra que tendes ouvido não é minha, mas sim do Pai que me enviou. Disse-vos estas coisas enquanto estou convosco. Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito." (João 14,15-17. 24-26)
A ação do Espirito Santo em nós, leva-nos a união com Deus, com sua Igreja, com seus mandamentos, unifica na vontade e nos desígnios de Deus em seu plano de salvação, não é possivel "ter o Espirito Santo" sem que Ele congregue a unidade.
Nós todos, que recebemos o único e mesmo Espírito, quer dizer, o Espírito Santo, fundimo-nos entre nós e com Deus. Porque, embora sejamos numerosos separadamente, e Cristo faça com que o Espírito do Pai e seu habite em cada um de nós, este Espírito único e indivisível reconduz pessoalmente à unidade os que são distintos entre si [...] e faz com que todos apareçam n'Ele como sendo um só. E assim como o poder da santa humanidade de Cristo faz com que todos aqueles em quem ela se encontra formem um só corpo, penso que, do mesmo modo, o Espírito de Deus, que habita em todos, único e indivisível, os leva todos à unidade espiritual. (São Cirilo de Alexandria, Commentarius in Iohannem)
A Igreja, comunhão viva na fé dos Apóstolos que ela transmite, é o lugar do nosso conhecimento do Espírito Santo:
— Nas
Escrituras, que Ele inspirou:
— na Tradição, de que os Padres da Igreja são testemunhas sempre atuais;
— no Magistério da Igreja, que Ele assiste;
— na liturgia sacramental, através das suas palavras e dos seus símbolos, em
que o Espírito Santo nos põe em comunhão com Cristo;
— na oração, em que Ele intercede por nós;
— nos carismas e ministérios, pelos quais a Igreja é edificada;
— nos sinais de vida apostólica e missionária;
— no testemunho dos santos, nos quais Ele manifesta a sua santidade e
continua a obra da salvação.
São Paulo exorta em sua carta aos Gálatas e difere de uma forma categórica quais os frutos que o Espírito Santo gera no corpo místico de Cristo sua Igreja
Os frutos do Espírito: caridade, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, autodomínio»
"Digo, pois: deixai-vos conduzir pelo Espírito, e não satisfareis os apetites da carne. Porque os desejos da carne se opõem aos do Espírito, e estes aos da carne pois são contrários uns aos outros. É por isso que não fazeis o que quereríeis. Se, porém, vos deixais guiar pelo Espírito, não estais sob a lei. Ora, as obras da carne são estas: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes. Dessas coisas vos previno, como já vos preveni: os que as praticarem não herdarão o Reino de Deus! Ao contrário, o fruto do Espírito é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança. Contra estas coisas não há lei. Pois os que são de Jesus Cristo crucificaram a carne, com as paixões e concupiscências. Se vivemos pelo Espírito, andemos também de acordo com o Espírito." (Gálatas 5, 16-25)
Os sete dons do Espírito Santo que Deus infundi em nossa alma são pelo Batismo e depois confirmado no sacramento da Crisma:
Sabedoria – Permite-nos ver o mundo com os olhos de Deus;
Entendimento – Ajuda-nos a compreender as verdades da fé;
Conselho – Guia-nos nas decisões segundo a vontade de Deus;
Fortaleza – Dá nos coragem para viver a fé;
Ciência – Permite nos reconhecer Deus na criação;
Piedade – Inspira-nos a amar Deus como Pai;
Temor de Deus – Respeito amoroso pela grandeza de Deus.
A ação concreta do Espirito de Deus na alma onde encontra se o intelecto e a vontade do ser humano, passa pela ação de seus Dons e colhe se desta ação os Frutos e desenvolve através dos Carismas que o Espirito da a cada um conforme os seus designíos.
Pela comunhão com Ele, o Espírito Santo torna-nos espirituais, recoloca-nos no paraíso, reconduz-nos ao Reino dos céus e à adopção filial, dá-nos a confiança de chamar Pai a Deus e de participar na graça de Cristo, de ser chamados filhos da luz e de tomar parte na glória eterna. (São Basilio Magno, Liber de Spiritu Sancto)
A presença e atuação do Espirito Santo na alma do Cristão o conduz a busca da santidade, a reconhecer filho de Deus, a ama-lo e adora-lo em espirito e em verdade, e fortalece durante a caminhada.
Deus nos enche do seu Espirito através dos Sacramentos:
Uma vez que o Espírito Santo é a unção de Cristo, é Cristo, a Cabeça do corpo, quem O derrama nos seus membros para os alimentar, os curar, os organizar nas suas mútuas funções, os vivificar, os enviar a dar testemunho, os associar à sua oferta ao Pai e à sua intercessão pelo mundo inteiro. É pelos sacramentos da Igreja que Cristo comunica aos membros do seu corpo o seu Espírito Santo e santificador. (Catecismo da Igreja Católica 739)